''Amor Filial, Reverência Pelas Coisas Sagradas, Cortesia,Companheirismo, Fidelidade, Pureza e Patriotismo''

27/07/2010

O Encontro com Tio Land''




Quando se está apaixonado se faz cada coisa... Em pleno fim de domingo dia de praia com os amigos, Carol a minha namorada me arrastou ao "Hospital Geriátrico Idoso Feliz", ela queria ver sua avó, pois já se passara três meses desde a sua última visita.

Aproveitei e fui com a camiseta do meu Capítulo, afinal era um hospital público e isso poderia render uma foto para meu Orkut, para que mostrasse aos irmãos o quanto eu era “dedicado a filantropia”... Nossa que tédio aquilo ali...

A Vó da Carol estava na ala dos acamados, porque já passava dos oitenta anos e sofria de osteoporose, eu decidi ficar esperando por ela nos banquinhos do pátio, não tinha paciência para conversas desconexas...


Enquanto imaginava o que o pessoal estava fazendo na praia àquela hora, e eu ali perdendo meu futevôley, o chope no quiosque e a oportunidade de azarar umas gatinhas, porque uma só é pouco né... Eis que se aproximou de mim um velhinho alquebrado com uma roupa de filme antigo, mas com certo ar altivo e que me perguntou com um sotaque estrangeiro, posso sentar aqui ao seu lado meu jovem? Eu ainda imaginei, nossa lá vem esse aí puxar conversa, e respondi meio a contragosto, pode sim senhor.

Nunca o vi por aqui meu rapaz, disse-me o velhinho tão logo se sentou, é porque essa é a primeira vez que venho aqui, e espero que última pensei. A estampa da sua camiseta é muito bonita e essa coroa tão majestosa... Eu já estava lá mesmo, ai como sabia que enquanto minha namorada não chegasse para irmos embora o velho não iria “desgrudar”, acabei explicando para ele o que ela significava e o que foram os Templários e é a Ordem DeMolay.

Muito interessante o que me contastes meu rapaz, como uma Ordem Iniciática criada no século XX conseguiu unir antigos ideais com a formação da juventude para o futuro. Percebi então que o velho tinha cultura, o que era um alento em meio a estar em um ambiente tão chato.

Você vai à igreja meu filho, ou a outro templo? Não tenho esse costume não, respondi. Desde jovem até quando pude fui à igreja todas as semanas.

Trabalhas ou caso não necessite, ajuda seus pais em pequenas tarefas em sua casa? Não, eu só estudo e olhe lá, disse-lhe rindo... Eu sempre ajudei em tudo minha mãe e minha avó desde a minha adolescência.

Já encontrou o verdadeiro amor, e respeita como se deve as mulheres que faz a corte? Eu tou aqui com a minha namorada, mas sabe como é? Eu sou jovem demais e sempre que posso procuro “experimentar” umas minas por aí... Eu tive poucas namoradas antes de encontrar aquela com qual eu me casaria, mas fui fiel e a respeitei por toda vida.

Você não acha que a juventude de hoje necessita se engajar em algo que valha a pena de verdade, que os valores da família, da pátria e da moral estão esquecidos? Ele era muito contundente e assertivo em suas palavras e ao mesmo tempo sem perceber, ele naquele momento para mim já não era o “velho chato” que vi se aproximando de mim no começo. Acho que cada tempo é um tempo e que temos mais é que viver a vida como ela é. Eu por outro lado vive em uma época turbulenta, onde a juventude estava inquieta, órfã e perdida, mas não me limitei apenas em me preocupar, fizemos algo de bom disso eu sei!

Você tem feito da ajuda desinteressada aos que dela necessitam uma constante em sua vida? Nossa ele havia me pegado... Tio, posso lhe chamar de tio? Sim claro, até de pai se quiser... Hum, “pai?” pensei que doideira... Tio às vezes penso em ajudar, mas isso dar muito trabalho e lá no Capítulo é mais fácil organizar uma confraternização, combinar um futebol na praia ou a ida a show do que a gente se mobilizar em ajudar aos que precisam. Eu sempre procurei mobilizar aos que estavam comigo na ajuda aos desamparados, dar-lhes esperança., amor e compreensão. O importante é o primeiro passo.

Você tem procurado se inteirar dos problemas comuns da sua cidade, do seu estado e do seu país? Meu Deus, tudo o que ele me perguntava parecia saber a resposta, pois era sempre a mesma “não”... Não fico ligado nessas coisas não. Do meu lado, eu sempre busquei ser um membro ativo em minha comunidade, colaborar para que minha cidade e a minha nação se tornasse um berço da justiça, igualdade e oportunidades.

Engraçado exclamou o “tiozinho”, quando você me falou da sua Ordem, eu imaginei que dignificar os seus pais, ser um patriota, cidadão de bem, honrar as mulheres e ajudar aos mais fatigados era a base que alicerçava os seus ensinamentos e ações... Mas por suas respostas, não vi nada que se parecesse como um membro dessa Ordem.

É verdade e agora mesmo pensava a respeito, nossa conversa me fez ver o quão egoísta e tão distante estou dos ideais sagrados da Ordem DeMolay, no próximo sábado irei falar sobre isso em meu Capítulo, só temo que seja tarde, porque na é de hoje que somos assim e mudar internamente é muito mais difícil do que pintar uma fachada.

Ele preparando-se para levantar, fitou ternamente os meus olhos dizendo, já se aproxima das 09 horas, o tempo vôou durante nossa conversa está na hora que preciso me recolher.

Eu me pus de pé rapidamente e lembrando que havia trazido a minha máquina fotográfica, pedi para ele que tirássemos uma foto, naquele momento nem sabia por que havia feito esse pedido. Ele concordou, mas antes que eu fosse até o carro buscar a maquina, segurou carinhosamente meus braços e disse-me algo que soou familiar, mas que não pude identificar naquele momento.

Não se preocupe meu rapaz com as suas dúvidas em resgatar os antigos ideais que me falou hoje em seu local de reuniões, porque enquanto resplandecer em seu coração essa vontade, enquanto você fizer esses ideais irradiarem sobre outras pessoas, eles jamais findarão e aí saberás que estais fazendo a coisa certa.

Aquelas palavras estão comigo desde então e delas jamais me separarei, pedi licença e fui até o meu carro e quando retornei, ele já não estava mais ali, consultei as horas e eram 09 horas, lembrei do que ele havia dito sobre esse horário e fui procurar por ele na ala dos acamados, onde inclusive estava a minha namorada, que até se assustou com a minha presença por saber da minha contrariedade em ir com ela até lá, e imaginado que eu a estava chamando para ir embora, começou a dizer tchau para sua avó.

Eu comentei que poderíamos ficar mais tempo e se ela tinha visto um senhor, de óculos, chapéu de feltro, vestido com terno e gravata um pouco fora de moda. Nisso a sua avó ouvindo a descrição, disse: ah esse aí estar aqui todos os dias, nos visitando. É ele que nos consola quando sentimos falta dos nossos ente queridos, que se senta ao lado dos nossos leitos quando estamos gemendo e segura nossas mãos. A senhora o conhece então? Claro é o “Seu” Land.

Fiquei totalmente sem ação no momento em que ouvi aquele nome, não quis mais prolongar a conversa, e eu e minha namorada saímos instantes depois. No outro sábado sem querer causar polemica com o que havia me acontecido, falei longamente sobre o que estávamos fazendo ali, sobre o que representava ser um DeMolay, de como colocar em nossas vidas diárias os aprendizados que recebíamos, se estávamos sendo altruístas ou egoístas? O acaloramento do debate foi inevitável...

Tenho que parar por aqui, daqui a pouco vou ao Capítulo encontrar meus irmãos, temos que fazer a visita quinzenal ao Hospital Geriátrico Idoso Feliz.

Nunca mais vi passados três anos “Seu” Land, e no hospital os médicos me afirmaram que a avó da minha namorada {ela faleceu dias depois} assim como muitos internos, criavam “amigos imaginários” para suprir suas carências. Uma explicação até lógica não é? Mas eu prefiro acreditar, que para encontrar o “Seu” Land, basta fazer valer o juramento feito diante do altar das sete velas cardeais. Aí, ele sempre estará ao nosso alcance.

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